Bariátrica

 

Nos últimos anos, a Santa Casa de Poços de Caldas se tornou uma grande referência no que diz respeito a cirurgias de redução de peso. Desde 2013, o Hospital realizou 754 cirurgias. Em 2018, a instituição bateu recorde com mais de 152 cirurgias bariátricas, além de pela primeira vez realizar cirurgias de redução de pele, foram 22 durante o ano. Tudo  realizado através de atendimento SUS.

A Organização Mundial da Saúde estima que 1,9 bilhão de adultos tenham sobrepeso, sendo 600 milhões com obesidade. No Brasil,  de acordo com dados do Ministério da Saúde, a cada ano são 1 milhão de novos casos de obesidade no país e a cada 15 anos dobra a taxa de obesos.

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O gastroenterologia Dr. Romeu Jose Nacarato, coordenador do setor de Bariátrica da Santa Casa, explica que o Hospital realiza cirurgias de redução de peso desde o ano 2000. E, à partir de 2013, foi credenciado em alta complexidade para fazer cirurgia pelo SUS. Desde então, têm desenvolvido um trabalho que não se refere só a cirurgia em si, mas um bom preparo multidisciplinar, através de  nutrição, psicólogo e assistente social.

“Atendíamos inicialmente uma referência de mais de 180 municípios. Agora, com credenciamento de Itajubá, nossas referências diminuíram um pouco, mas, sem dúvida alguma, graças a condição que a Santa Casa nos da, a gente consegue se qualificar como um dos serviços mais importantes do estado de Minas Gerais”, explica Dr. Romeu, que lembra que, apesar do sucesso das cirurgias, trata-se de um último recurso em casos de obesidade.   

“A obesidade é um problema endêmico. A  gente sabe que a cirurgia quando bem indicada tem bons resultados, mas que não é uma solução para atender essa demanda tão grande da população de obesos do Brasil. A gente ainda espera que outras ações se desenvolvam, principalmente na atenção básica, na prevenção, na educação dos adolescentes e crianças para que não tenhamos que recorrer a essa conduta extrema da cirurgia, que realmente não é uma solução ideal para controle de uma epidemia como é a da obesidade”, pontua Dr. Romeu.

“O obeso é um mal nutrido, ele é um mal orientado na parte nutricional desde a infância. A gente sabe que múltiplos fatores levam a pessoa a desenvolver a obesidade grave: a parte educacional, a parte de atividade física, por isso é tão importante ações no sentido de prevenção”, completa o coordenador do setor de Cirurgias Bariátricas da Santa Casa de Poços.

 

Acompanhamento multidisciplinar

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O serviço de cirurgia bariátrica da Santa Casa  conta como seu pilar de apoio a equipe multidisciplinar, com psicólogo, nutricionista e assistente social, que realizam a preparação para a cirurgia, que começa seis meses antes, com o paciente tendo que perder em uma faixa de 10 a 15% de peso para diminuir os riscos durante o procedimento.

A assistente social do Setor, Maria José da Silva, lembra que muitas vezes os pacientes passam por momentos delicados e precisam muito de apoio. “Olhamos muito o lado social. Há  pacientes nossos que enviamos um ofício ao município para que eles possam dar uma atenção básica. Já tivemos caso de paciente que deixou de tomar o leite no pós operatório para dar para o netinho, que não tinha o que comer. Com isso, começam a ter deficiência de vitaminas”. explica Maria José

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“Nós deixamos bem claro para os pacientes que esse é um atendimento SUS, que ele não vai precisar gastar dinheiro com o tratamento. No município dele, assim como aqui em Poços de Caldas, quando a equipe libera os exames para o paciente , solicitamos que procure a secretaria saúde do município para realizar. Com os exames prontos e o paciente apto, através da perda  do peso e mudanças de hábitos, é agendada uma avaliação com o Dr. Romeu para marcar a data da cirurgia”, completa Maria José.

A psicóloga do Setor, Patricia  Azzolini, explica que uma das coisas mais complicadas durante o processo é o paciente lidar com as próprias expectativas. “A mudança não é rápida e nem mágica, mas os pacientes criam essa expectativa. Achando, por exemplo, que não ia sentir mais fome, que não ia ter mais vontade  e elas permanecem. A satisfação que trabalhamos desde o pré operatório, dentro da expectativa real, é a pessoa começar a conseguir lavar um pé, fazer a própria higienização pessoal, passar em uma roleta de ônibus, sentar em uma cadeira, cruzar as pernas. Consideramos isso como expectativa real do tratamento, mas chegamos a ter alguns pacientes aqui que tinham a expectativa de ficar igual uma modelo e aí fica muito difícil. A grande maioria dos pacientes que chegam aqui têm transtornos psiquiátricos, dificuldades emocionais, ansiedade, depressão, isolamento, baixa autoestima  Vamos tentando trabalhar isso desde o pré, para que o paciente não se frustre”, salienta Patricia.

A psicóloga conta ainda que após a cirurgia tudo pode acontecer, tendo até pacientes que se arrependem. “Nesses 18 meses do pós operatório é uma caixinha de surpresas. No último final de ano tivemos muitos pacientes arrependidos. Trata-se de uma fase do ano que a oferta de festividades é muito alta e lidar com a privação é muito difícil. Uma pessoa que está fazendo dieta pode sair da rotina e depois voltar a fazer dieta, mas o paciente bariátrico não vai conseguir fazer isso. Com 30 dias da operação ele corre risco de óbito. Mesmo depois desses 30 dias ele não vai conseguir comer o excesso e tem gente que não sabe trabalhar esse excesso. Por isso, trabalhamos com essa questão de quantidade, mostrar que uma colher tem o mesmo gosto da travessa inteira. Mostrar que não existe a privação, ele pode ter a escolha do que ele quer comer para o resto da vida, mas que ele tem que ter a escolha em relação a quantidade”, afirma a psicóloga.

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Abdominoplastia

Os pacientes pós-cirurgia bariátrica sofrem com o excesso de pele e,
desde o ano passado, em uma parceria com a Secretaria de Saúde, o Hospital disponibiliza cirurgias reparadoras, realizadas pelo cirurgião plástico Dr. Julio Baiocato.
Foram 22 cirurgias desde junho 2018 e a promessa do serviço crescer ainda mais em 2019, levando em conta que são mais de 500 pessoas, de mais de 80 cidades, que esperam na fila. As pacientes são chamadas de acordo com a data que fizeram a cirurgia bariátrica.
Especialista em cirurgia plástica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o Dr. Julio Baiocato explica que esse tipo de intervenção cirúrgica deve ser feita de preferência após 2 anos da cirurgia bariátrica. "No primeiro ano do pós-operatório ocorre a perda de peso
mais relevante e aguda e no segundo ano uma perda mais moderada, seguida da estabilização do peso que será muito importante para a indicação da cirurgia reparadora, conforme diretrizes da Portaria do Ministério da Saúde”, explica Dr. Julio, que destaca que, em muitos casos, a cirurgia reparadora é a única opção.

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“Após a cirurgia bariátrica são grandes as perdas de peso, variando de 50 à 100kg. A pele consegue se acomodar até um certo ponto e depois disso ela não adere mais. As sobras excessivas de pele no abdome, mamas, braços e coxas, podem estar associadas a incapacidade funcional, infecções de repetição da pele e alterações psicológicas/ sociais. São esses pacientes em que a cirurgia reparadora trará os melhores resultados e benefícios", afirma o cirurgião plástico.
"Felizmente todos os pacientes têm tido um bom resultado, estão satisfeitos com a cirurgia e com baixíssimo índice de complicações. Tudo isso graças ao trabalho em conjunto de toda a equipe da cirurgia plástica e da cirurgia bariátrica”, completa o cirurgião,
que conta mais detalhes da cirurgia de redução de pele em seu site juliobaiocato.com.br.

 

Geliane de Paula é paciente do setor de Bariátrica da Santa Casa, fez cirurgia em 2013, quando pesava 136 quilos, chegando a pesar depois da cirurgia 78 kg . Há cerca de um mês passou por abdominoplastia e já sentiu uma melhora considerável.

“Fiz a redução do excesso de pele e hoje fiquei bem mais satisfeita. Desde o começo aqui fui muito bem tratada. Aqui você tem todo um tratamento com psicólogo e nutricionista. Aprendemos que o que a gente opera é o estômago, não a cabeça. Continuamos com a cabeça de obeso. Por isso, tem todo um preparo, tanto antes quanto depois. Eles nos ensinam que temos que mudar toda nossa rotina, porque não é só fazer a cirurgia”, relata Geliane, que teve a vida completamente mudada depois do procedimento.

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“Eu perdi 60kg. Hoje eu tenho ânimo para tudo. É muito bom também você vestir uma roupa e servir, porque antes não tinha roupa que servia. Além disso, você tem que ficar muito em cima da saúde, porque tudo muda. Vitamina cai muito, então você tem que tomar vitamina sempre. Você tem que ser muito regrado para não ficar com déficit de saúde. Tudo isso culmina em uma qualidade de vida muito melhor”, comemora Geliane.

 

Força de vontade

 

Terezinha de Fátima Albino Almeida fez a cirurgia bariátrica há 6 meses. Ela pesava 125kg, conseguiu emagrecer o necessário para fazer a cirurgia e, após o procedimento, hoje se encontra com 81 kg.

“Estava muito pesada e precisando de ajuda. Não aguentava trabalhar e Graças a Deus consegui a cirurgia bariátrica. No processo, recebi a orientação de nutricionista, psicólogo, que nos ajudam muito, nos orientam e nos ajudam na reeducação alimentar. Eu segui tudo direitinho, consegui emagrecer os 10% necessários e eles me chamaram para fazer a operação, que aconteceu no dia 18 de julho do ano passado.  Fui muito bem atendida pelo Hospital, pelos médicos, pelos enfermeiros. Foi tudo excelente, uma grande benção. O acompanhamento está sendo ótimo e me sinto melhor a cada dia”, garante Fátima.

A equipe da Bariátrica conta com os médicos cirurgiões Dr. Romeu José Nacarato e Dr. Rafael Machado Nacarato, o cirurgião plástico Dr, Julio Baiocato, a psicóloga Patricia Azzolini, a nutricionista Amábili Lange de Carvalho, a assistente social  Maria José da Silva e a responsável pelo administrativo Cecília Cássia Sérgio.

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