No dia 20 de dezembro, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Santa Casa de Misericórdia realizaram a reunião de encerramento de um projeto que promete revolucionar a gestão de materiais cirúrgicos e otimizar os custos do Centro de Material e Esterilização (CME). A parceria entre as instituições teve início em outubro de 2022, quando a enfermeira coordenadora do CME da Santa Casa, Viviane Masetti, solicitou a colaboração da PUC.
O Desafio dos Kits Cirúrgicos: Uma Solução Inteligente
Neil Paiva Tizzo, coordenador do curso de Engenharia de Produção da PUC, liderou a primeira fase do projeto, focando na complexa gestão dos kits cirúrgicos. Tizzo explica os desafios enfrentados no último ano e como a equipe conseguiu superá-los.
“O grande desafio foi tentar reduzir ao máximo o desperdício com o máximo de assertividade no material que tem no kit. Este foi o trabalho”, destacou Tizzo. O problema dos kits cirúrgicos estava na diversidade de procedimentos e na demanda urgente que o hospital enfrenta. A solução encontrada foi utilizar a inteligência artificial para identificar padrões entre procedimentos e agrupá-los de maneira eficiente.
Com dados coletados ao longo de um ano, a equipe desenvolveu 21 kits, incluindo um específico para cesarianas e outros 10 para os procedimentos mais frequentes. A aplicação de técnicas de inteligência artificial, como clusterização, permitiu agrupar procedimentos menos comuns, resultando em uma gestão mais eficiente e redução significativa do desperdício.
Os resultados foram apresentados em planilhas do Excel, detalhando todos os procedimentos incluídos em cada kit, os materiais necessários e uma lista final de procedimentos. Essa abordagem visa evitar o desperdício de materiais, otimizando os recursos e melhorando a eficiência operacional do Centro Cirúrgico.
Mapeamento Estratégico dos Custos do CME
José Augusto de Oliveira, engenheiro de produção recém-formado pela PUC, liderou o segundo braço do projeto, focado no mapeamento das atividades do CME e no levantamento de custos dos processos de esterilização. Oliveira destacou a importância estratégica do CME para o funcionamento do hospital, enfatizando que “se parar o CME, para o Hospital inteiro”.
Oliveira e sua equipe realizaram um estudo detalhado dos processos internos, identificaram gargalos e levantaram os custos operacionais dos ciclos de esterilização. O resultado foi a construção de um fluxograma complexo do setor e a identificação de todos os itens de custo das esterilizadoras ( Auto-Clave e Sterrad).
Do Projeto à Prática: A Transformação no CME
Viviane Masetti, enfermeira coordenadora do CME da Santa Casa, ressaltou a importância da parceria com a PUC e como o projeto trouxe uma visão da indústria para dentro do Centro Cirúrgico e do CME. “Foi muito produtivo os nossos encontros”, afirmou Viviane.
O projeto desenvolvido no CME permitiu mapear os processos e levantar os custos operacionais da esterilização. Além disso, a iniciativa no Centro Cirúrgico propôs a criação de 21 kits de materiais cirúrgicos, trazendo benefícios significativos para a montagem, utilização e gestão dos kits.
“Acredito que nós vamos colher bons frutos e ter um resultado muito positivo dessa parceria”, afirmou otimista Viviane. Com quatro kits já implantados no Centro Obstétrico, a expectativa é que, já no início deste ano, a implementação se estenda para o Centro Cirúrgico, proporcionando melhorias significativas na assistência e na gestão de materiais.
A parceria entre a PUC e a Santa Casa reforça o papel crucial da inovação e da colaboração entre instituições acadêmicas e hospitais na busca por soluções eficazes para desafios complexos na área da saúde. A expectativa é que os resultados obtidos sirvam como referência para outras instituições em busca de aprimoramentos similares.