Passe livre para pessoas com insuficiência renal crônica beneficiará pacientes da Hemodiálise da Santa Casa

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Foi sancionada pelo Prefeito Sérgio Azevedo no ano passado a Lei 9379, de autoria do vereador Lucas Arruda, que concede à pessoas com insuficiência renal crônica os mesmos benefícios previstos na Lei Orgânica do Município para deficientes físicos.

A Hemodiálise da Santa Casa  conta com 116 pacientes, sendo que muito deles se encontram com problemas de locomoção e vulnerabilidade social. Os pacientes que se enquadram no perfil de  renda familiar de até três salários mínimos já foram encaminhados para o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e entraram com a documentação para pleitear a carteirinha de passe livre municipal. 

Esse é o caso de Franciele da Silva,  paciente da Hemodiálise há dois anos. Ela lembra que, apesar da Prefeitura dar o transporte para o tratamento, com a saúde fragilizada, o doente renal crônico tem sempre que estar se deslocando para tratar de sua saúde.

“Nós temos o transporte para fazer tratamento aqui na Hemodiálise. Só que precisamos também ir fazer exames, buscar remédio na Policlínica. No meu caso, por exemplo, eu tenho lúpus, faço tratamento no Hospital Santa Lúcia também. O passe livre vai me ajudar muito, porque eu faço Hemodiálise, fico impedida de trabalhar, e ganho apenas um salário, tenho que viver desta renda. Com a carteirinha é um um custo a menos que eu vou ter”, conta Franciele, que nos dias de consulta no Hospital Santa Lúcia tem que gastar o valor de oito passagens.

“Nunca ando sozinha, estou sempre com minha filha e acabo tendo que pagar o ônibus pra ela também. Eu moro lá perto do shopping, quando eu preciso ir ao Santa Lúcia são dois ônibus, eu  tenho que gastar quatro passagens para ir e quatro para voltar. É muito dinheiro que a gente gasta. Um dinheiro que faz falta pelo fato de eu não trabalhar. A carteirinha vai me ajudar muito e a todos nós de baixa renda”, comemora Franciele. 

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Em sessão da Câmara Municipal em dezembro do ano passado, pacientes e funcionários da Hemodiálise da Santa Casa comemoram a aprovação da  Lei 9379, que concede à pessoas com insuficiência renal crônica os mesmos benefícios previstos na Lei Orgânica do Município para deficientes físicos

Luta antiga 


A assistente social da Hemodiálise,  Cleide Aparecida Silva, relata que a luta pelo passe livre do doente renal crônico já é antiga, desde 2011, quando ela veio trabalhar no Setor e fez uma avaliação socioeconômica dos pacientes. 

“Observei que muitos pacientes são provedores de suas famílias, os quais ficam impossibilitados de exercer suas funções diárias, como trabalhar, comprometendo de forma significativa o orçamento familiar. Apesar deles terem transporte da Prefeitura para a sessão de Hemodiálise, muitas vezes nos deparamos com situações de pacientes que não dispõe de recursos financeiros para comparecer em consultas, exames, e retirada de medicamentos na farmácia da Policlínica, dentre outros.O impacto financeiro para aqueles que vivem com um salário mínimo é grande, porque além de gastar com eles, têm pacientes mais fragilizados que necessitam do acompanhante, o que acarreta maiores despesas. Muitos dos nossos pacientes estão debilitados, com dificuldade de locomoção, alguns deficientes visuais, muitos diabéticos. Sendo assim, a concessão do passe livre é de suma importância”, explica a assistente social, que encontrou na figura do vereador Lucas Arruda a ajuda necessária para que essa conquista saísse do papel. 

“Fui procurado pela assistente social Cleide, pela psicóloga Janaína e por alguns pacientes da Hemodiálise, relatando as dificuldades que eles tinham de garantir um tratamento adequado, no sentido que o próprio tratamento da Hemodiálise é muito invasivo e traz uma série de outras demandas na área da saúde, outros exames, que são necessários além das sessões de hemodiálise. Isso traz um custo para os pacientes bastante elevado. Uma preocupação de manter as questões da saúde em dia. Nesse sentido, têm muitos pacientes que não têm condições financeiras de manter o tratamento da forma correta, com todas as necessidades que ele demanda.  Uma das preocupações era a questão do transporte e nós estudamos uma forma de poder contribuir com esses pacientes”, conta Lucas Arruda, que antecipou em Poços um debate que já acontece em âmbito nacional. 

“Nacionalmente existe um movimento para considerar o doente renal crônico como uma pessoa com deficiência, justamente pelo fato das limitações que esse tratamento traz. Esse projeto tramita no Congresso Nacional, mas sabemos que trata-se de algo moroso, muitas pautas acabam tramitando lá por muitos anos para depois serem aprovadas. Então, resolvemos tramitar isso no âmbito do Município, inclusive já seguindo algumas decisões judiciais já favoráveis ao considerar o doente renal crônico como pessoa com deficiência. Nós travamos essa luta aqui, lançamos o projeto na Câmara, esse projeto tramitou e, graças a Deus, tivemos o apoio de todos os vereadores na aprovação”, finaliza Lucas Arruda.